Neste dia 1º de março, a cidade do Ipojuca lembra de uma das mais marcantes passagens históricas do município, o incêndio que atingiu o convento de Santo Cristo, padroeiro do distrito sede. Apesar de se tratar de um incêndio, a data se tornou especial, pois, na época, há exatos 86 anos, a população se uniu para combater as chamas que consumiram o templo. Os relatos dos fatos foram pesquisados pela Diretoria do Patrimônio Histórico e Cultural da Secretaria Especial de Cultura como forma de preservação e manutenção da história, resgatando a memória do povo ipojucano.
Segundo a pesquisa, por volta de 22h de uma sexta-feira de Carnaval, um cidadão avistou uma fumaça saindo da capela. Outras pessoas chegaram ao local e, ao tentarem alertar o Frei Clementino, um dos religiosos que habitavam o local, o mesmo pensou se tratar de uma brincadeira do período de momo. Ainda segundo os relatos, foi então que um dos moradores correu até sua casa e trouxe um machado para quebrar o cadeado do portão. Após quebrarem o vitral, foi possível entrar na capela.
Mesmo com as labaredas crescentes, um dos cidadãos conseguiu salvar a imagem do Senhor Santo Cristo, e entregou à multidão que já se aglomerava no pátio do convento no trabalho de tentar apagar o fogo. “Foi um trabalho de pesquisa feito para registrar e resgatar a nossa história, que tem uma simbologia muito grande pois representa um fato que uniu um grande número de pessoas na tentativa de salvar o templo religioso. Salvar a imagem de Santo Cristo representa muito sendo uma grande tradição, inclusive citado no hino do município”, observou o secretário de Cultura do Ipojuca, Jorge Henrique Soares.
A trágica noite terminou com a destruição da biblioteca com mais de 2 mil títulos, o arquivo do convento, a segunda sacristia, toda a capela-mor e todo o interior do Santuário. Segundo o historiador Ivo Almeida, que pesquisa a história do município há mais de 40 anos, “o incêndio faz parte de um depoimento que o meu falecido pai, o Seu Ferreira um dos primeiro a ver o incêndio, e a minha tia Leonor comentavam constantemente”, lembra. Ainda de acordo com o pesquisador, a reconstrução do templo também foi feita com a participação do povo ipojucano que se mobilizou. Só no ano de 1937, dois anos após o fogo consumir o local, o altar-mor foi concluído com a entronização da imagem de Santo Cristo.
crédito das fotos: Secom Ipojuca e Arquivo da Província de Santo Antônio do Brasil
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