As manchas de óleo, ainda de origem não identificadas pelo Governo Federal, chegaram ao município do Ipojuca, Litoral Sul de Pernambuco, no sábado passado (19). A primeira aparição foi no Pontal de Maracaípe, seguida das praias de Muro Alto, Cupe, Enseadinha, Camboa, Toquinho, Merepe e Serrambi. Porto de Galinhas, umas das praias mais famosas do Brasil, não foi, até o momento, atingida. Com uma semana do dano ambiental no município, um balanço das ações e ocorrências foi feito. É importante ressaltar que o litoral nordestino não recebeu este óleo de forma proporcional nem igualitária, tendo cada local atingido sua particularidade de dano e de ações.
Prevenção
A Prefeitura do Ipojuca, diferente do que aconteceu em setembro, se preparou para à chegada do óleo e instalou o Comitê Gestor de Crise na quarta-feira (16), em Maracaípe, local aonde se tinha previsão que a corrente marítima traria primeiro. Com esta decisão, houve tempo para traçar estratégias, deslocar funcionários da limpeza urbana para as praias, mobilizar ONGs, associações parceiras e conveniadas da administração municipal (como exemplo Ecoassociados, Museu do Caranguejo Vivo e Associação dos Jangadeiros), articular com empresários locais a possibilidade de fazerem doação de EPIs, se integrar com entidades e órgãos de controle como CPRH, Ibama, Marinha, Secretaria de Meio Ambiente estadual e Complexo Portuário de Suape, entre outras; além de mobilizar a sociedade civil como voluntários.
Ação
– A Prefeitura disponibilizou 100% dos servidores da Secretaria de Meio Ambiente e Controle Urbano (SEMAC) e da Agência Municipal de Meio Ambiente (AMMA), em regime de escala, para ações de contenção do óleo nos 33km da orla ipojucana;
– A SEMAC e a AMMA realizaram, nos locais atingidos pelo óleo, inspeções, monitoramento e acompanhamento de visitas técnicas externas;
– Recepção e distribuição de EPIs (luvas, botas e máscaras) para servidores e voluntários;
– Deslocamento operacional de garis das vias urbanas para o litoral afim de recolherem os fragmentos de óleo que apareciam na areia junto com a ação de voluntários, bem como a condução de retroescavadeiras e tratores para recolhida deste material e posterior transporte para o local de concentração;
– Agentes de saúde de prontidão;
– Atuação de 100% da Defesa Civil, além da presença de Guardas Municipais e salva-vidas, equipe de inteligência da Secretaria de Defesa Social do Ipojuca também no monitoramento das câmeras focada nas praias;
– Para identificação de manchas de óleo na superfície da água, foram realizados de três a quatro voos diários por drone com relatórios realizados pela Agência de Meio Ambiente municipal;
– Na Comunicação foram disponibilizados dois telefones para a população pudesse informar o aparecimentos de novas manchas de óleo ou para saber informações sobre voluntariado;
– Também foi feito um trabalho de “tira-dúvidas” nas redes sociais da Prefeitura para deixar a população a par do que estava acontecendo e evitar as fake news;
– As secretarias de Governo, Turismo, Meio Ambiente, Defesa Social e Infraestrutura, além do Gabinete da prefeita, fizeram e participaram de uma série de reuniões com diversos órgãos e secretarias do estado, com o TRADE Turístico e sociedade civil para criar estratégias que minimizem impacto ambiental, turístico e consequentemente econômico no município;
– Após a manutenção de limpeza da faixa de areia e o monitoramento diário do espelho d’água, foram recrutados mergulhadores da Defesa Civil e operadoras de mergulho voluntárias para uma varredura no fundo do mar.
Resultado
A força tarefa visível nas praias aliada com a dos bastidores deu a Ipojuca o resultado da limpeza em tempo recorde impedindo o alastramento do óleo nas praias ipojucanas. Tal organização, bravura e determinação fez de Ipojuca uma referência no estado, podendo colaborar com os municípios vizinhos afetados recentemente. O mar, no entanto, continua trazendo fragmentos e a Prefeitura continua realizando a Operação “pente-fino”, limpando. A prefeitura solicitou ao Governo Federal soluções ambientais, turísticas, econômicas e de saúde pública para os problemas causados pela mancha de óleo.
Números (7 dias)
– 8 mil EPIs distribuídos (entre luvas, botas e máscaras);
– 180 toneladas de óleo recolhidas;
– 70% da orla monitorada pelas Central de Monitoramento da SDS Ipojuca;
– 30 sobrevoos de drone em uma semana monitorando a superfície da orla;
– 3 embarcações;
– 3 retroescavadeiras, 1 poliguindaste, 1 Munk. 5 papa metralhas, 1 trator com carroça, 6 caçambas truncadas, 1 caminhão carroceria, além de pás, leques e lonas;
– 100 garis relocados na orla da praia;
– 80 Guardas municipais envolvidos;
– 60 salva-vidas participando das operações na orla e no mar;
– 98 horas de trabalho.
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